domingo, 31 de agosto de 2008

Ao Marcelo...

OS AMIGOS
Voltar ali onde
A verde rebentação da vaga
A espuma o nevoeiro o horizonte a praia
Guardam intacta e impetuosa
Juventude antiga -
Mas como sem os amigos
Sem a partilha o abraço a comunhão
Respirar o cheiro a alga da maresia
E colher a estrela do mar em minha mão

Sophia de Mello Breyner
* a foto é da Luzinhas especiais

sábado, 30 de agosto de 2008

Um sentir "livre"...


Tenho uma coisa para te entregar
uma pedra a pôr no chão da rua,
uma luar presença sob o sol.

Tenho uma coisa para te devolver,
para ficar minha sendo tua,
aquecida no tempo e nestes olhos.

Tenho uma coisa que eu te posso dar
que é o vento a vir atrás do verde
e a dizer azul no teu cabelo.

Pedro Támen

Love Is A Losing Game...

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A melhor juventude...

Um filme de Marco Tullio Giordana, italiano, claro, como gosto deles. Um filme que me preencheu que me emocionou que me fez pensar no pouco que saímos do nosso pequeno mundo.
Um filme que repassa a história de uma família e de Itália de 1966 a 2003.
A não perder e não fiquem assustados com as 6 horas de duração, sabem a pouco e ficamos a querer saber mais daquela família.
Um filme que nos torna uns verdadeiros voyeuristas das emoções, das alegrias, do luto, das tristezas, das causas sociais, da corrupção, das opções e caminhos de uma família que por vezes marcam o respectivo Destino.
Trata até a doença mental como eu acredito nela, de frente, sem preconceito, combatendo a exclusão, aceitando a diferença, identificando novos códigos de comunicação.
A não perder e não é porque foi prémio em Cannes 2003.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

20 anos...


Foram dias agitados.
Naquele dia o telefone tocou a horas impróprias fazendo temer o pior.
A casa ficou alvoraçada, pulámos todos da cama e à pressa vestimos qualquer coisa. O meu pai e a minha avó avançaram rumo à Rua do Carmo, eu fui depois com o resto da família. A loja da minha avó foi poupada às chamas, mas ficou inundada pelas águas que fizeram da rua uma cascata. A mercadoria inutilizada, milhares de prejuízo que comparado com o que ali se viveu, foi NADA.
Também se viveram dias de entreajuda e solidariedade, entre todas aquelas pessoas que lutaram contra as chamas, preservaram vidas e bens.
Durante semanas a vida lá por casa ficou suspensa, mas a pouco e pouco lá recomeçou e a loja renasceu mais 5 anos, altura em que a minha avó se decidiu reformar aos 89 anos.
Em muitas casas a vida nunca mais terá sido a mesma!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Leituras de Verão...



Um excelente policial, que nos faz infiltrar na sociedade espanhola na transição para a democracia e viver dentro do partido comunista a desvendar um crime de um dos seus dirigentes. Acompanha-nos o detective Pepe Carvalho, só por si a maior atracção deste livro, goste-se ou não se goste dele, é único, pela mão de Montalbán. Pepe agradará mais ao público masculino que feminino, para mim tem o péssimo hábito de queimar livros, não me parece ser muito atraente e pelos seus hábitos gastronómicos o seu porte não deve ser nada atlético. Não me parece ser muito selecto nas suas companhias femininas o que contrasta com a selecção que faz à mesa.
Esta é a minha segunda incursão por Montalbán que tarde o conheci, mas agradeço a quem mo apresentou. O primeiro livro que li dele foi “Os alegres rapazes de Atzavara” que achei brilhante, na trama e nos personagens bem construídos. Dois livros muito diferentes mas muito bem escritos que se lêem de um fôlego.
Voltarei a Pepe Carvalho que tem algo que me seduz apesar de ser um anti-herói, pouco educado.
Um homem que sabe cozinhar, sabe apreciar e distinguir os ingredientes de uma iguaria e que acima de tudo não vacila perante uma carta de vinhos e escolhe sempre o néctar perfeito para saborear em cada momento, merece várias oportunidades!
Montalbán uma referência!

sábado, 2 de agosto de 2008

Tudo tem um fim...

Mais um ícone do meu passado que certamente desaparecerá.

Há muito tempo que não passa de um aconchego, cada vez que passo por aquela casa. Um lugar quentinho nas minhas memórias, lembranças de brincadeiras de irmã e primos, correrias pelas escadarias, assaltos aos doces na cozinha, histórias inventadas na casa das bonecas, casamentos e baptizados imaginados na capela, horas perdidas a abrir as caixas de onde saiam chapéus e vestidos de baile, espalhadas pelo sótão, no meio de teias de aranha. Histórias de príncipes e princesas, piratas e duendes vividas naquele jardim. Aventuras retiradas dos livros dos “Cinco”. O canteiro dos meus girassóis!
Lembranças...
O polícia à porta, parecia guardar as minhas memórias.
Estava lá, a velha casa, mesmo que apenas a visse enquanto o sinal vermelho me obrigava a parar, parecendo dizer “ainda existo para ti, vês?”

Hoje li a notícia, o destino parece incerto.
Um pouco da minha Lisboa morre, se ali nascer um arranha-céus envidraçado de um qualquer arquitecto importado.
Afinal tudo tem um fim...

Mais aqui.